HOJE EU ACORDEI INTEIRA
hoje eu acordei inteira...
Passei anos te escrevendo cartas e poesias, apreciando e contemplando você. Fazendo o seu, o meu mundo. A sua, a minha vida.
Só que hoje eu acordei diferente. Hoje, te escrevo para falar de mim.
Não aprendi a ser de outro jeito, que não fosse intensa e verdadeira. Em tudo. Do meu agito ao meu silêncio, da minha loucura à minha sanidade - sempre busquei SER. SER cada vez mais! Ser mais, ser inteira, ser profunda, ser intensa, ser de verdade. E foi nessa mania de ser inteira, intensa demais e de verdade, que te encontrei. Encontrei seu andar, sua fala, seu olhar, seu riso, seu beijo, seu abraço, seu amasso. Aprendi você. E você "me prendeu". Não posso negar que: Me apeguei de verdade, me apaixonei de verdade, me envolvi de verdade, te amei de verdade e sofri. Sofri de verdade. Sim, admito. Eu quebrei a cara de verdade e com muita intensidade. E pela primeira vez, em uma vida inteira, me vi em pedacinhos.
Mas querido... Nunca aceitei migalhas, fragmentos, pedaços de ninguém. Quem dirá, ser migalha, ser fragmento, ser pedaço. Nunca aceitei ser a menor parte. E pra ser ainda mais honesta: Nunca quis ser metade em nada, de ninguém.
Inteira, por inteiro. Com alguém inteiro e por inteiro. Quis alguém que não estivesse tão pouco presente, que não me oferecesse tão pouco, que não me abraçasse tão pouco, que não se importasse tão pouco, que não me ouvisse tão pouco, que não me amasse tão pouco.
Mas tudo bem. Foi essa sua mania de ser tão pouco, que me fez abrir os olhos para me enxergar no chão do meu quarto - em pedacinhos -, chorando por você. Foi essa sua mania de ser tão pouco, que me fez levantar daquele chão, enxugar minhas lágrimas, olhar para mim mesma e dizer: "Garota, sê inteira!".
Por isso te escrevi. Te escrevi para dizer que hoje eu acordei inteira.